sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Insónia

A noite assusta…
Olhar para o relógio e limitar os minutos destinados a tentativas que sabes que serão necessárias para que o consigas…
Aconchegas-te e mentalizas-te que vais conseguir…mas não pensas em outra coisa. Na cabeça, fluem pensamentos encadeados, mas que não passam de tentativas, e sabes disso… Abres e fechas os olhos, recomeças… O ciclo repete-se… mudas de posição…recomeças… é então que te apercebes do tic tac…tic tac…tic tac… e pensas em quantos minutos - não, talvez horas - que já devem ter passado desde que começas-te… mudas de posição… continuas calmo, mas sabes que não está a acontecer…
Esvazias a cabeça… talvez assim a monotonia se apodere do teu corpo e te leve …. mas já não estás mais calmo, a inquietação já se instalou…. Explodes! Ligas a luz, não queres olhar o relógio mas os teus olhos não obedecem… faltam poucos minutos para se passar uma hora… “ainda há tempo”… relaxas… mas imaginas como serão as próximas horas. “Talvez já consiga”… regressas à escuridão e recomeças… aconchegas-te como se fosse a primeira vez nessa noite…
Crias uma história, daquelas que gostavas que fossem verdade e por isso ligas a todos os detalhes… . é possível, mas sabes que é uma tentativa… o sangue acelera, a história já se foi… O coração aperta porque sabes que a perdes-te… pensas em voltar a tentar mas apercebes-te do tic tac…tic tac… tic tac… o coração aperta! Mudas de posição e rapidamente crias uma nova história… mas tudo se repete… Basta! Abres os olhos e olhas o teto que está escondido pela linearidade da escuridão que envolve todas as formas do quarto… todos os modos de expressão do teu corpo tentam achar a calma que necessita…porém, inconscientemente contínuas a tenta-lo… e sabes disso… o coração volta a apertar…. Basta! E ouves o “bang” do sino…tentas não ouvir para não saberes o quanto tempo já se passou… mas é inevitável… ok… pensas em limitar o tempo para o conseguires… voltas a tentar… embalas… mas quando te apercebes que estás a conseguir apercebes-te que ainda tens consciência para o fazer e todo o processo volta à estaca zero… já nem sequer te dás ao trabalho de ligar à raiva, ao apertar do coração… ficas feliz por saber que estives-te quase lá, logo, é possível! Voltas a tentar…. Mas já passou tanto tempo que o teu corpo já se manifesta de alguma forma fisiológica…” talvez me faça recomeçar”… satisfaz-lho… Recomeças… Mas pensas: “amanhã poderia ser um dia fabuloso… posso, consigo ser , fazer tanta coisa…”.és mentalmente omnipotente… e sentes-te feliz…mas sabes que isso só será possível se o conseguires senão não terás energia… “tudo seria tão mais simples se vivêssemos sem ele… as horas serias bem melhor aproveitadas do que aqui na cama… como estarei amanha?...” dás conta que te sentes bem, estás a embalar…. tens consciência disso, logo virá o aperto e tudo irá por água abaixo… mas já tens consciência de que tens consciência e o teu cérebro já está cansado de o saber … BANG… o sino outra vez… não faz mal, só já queres que chegue a hora de acordar e procurar ajuda porque sabes que algo está errado.
Estás vegetal… “venha que vier, não pode piorar”… conformas-te… e é então que o teu cérebro se encarrega de embalar numa história sem sentido, línguas estrangeiras, pensamentos vagueastes…. Vagueant…..vague….vag….va….. tes…. Acordas! É tarde, mas conseguiste! Toda a raiva passou e em segundos deixas de pensar no que se passou… vives o dia normal…
Mas quando a noite chega, tudo volta a tua cabeça e o medo instala-se… não queres voltar a tentar… tentas fazer algo diferente na tua rotina, tentando alterar o guião…
E voltas ...

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