A “crise”, a mediática que é o prato é o todos os dias “papamos
ao pequeno-almoço” mal abramos um jornal, liguemos a tv ou mesmo fazendo uma visita
ao Facebook. Imagino o quanto deve estar a
ser duro para muita gente sentir-se completamente desprotegida, perdendo
as suas fontes de rendimento, o seu lar que tão importante é para se sentirem
protegidos.Tudo que sonharam e que batalhavam para construir deixou de ser
uma realidade e, do dia para a noite, tornou-se num pesadelo. Deve se difícil conseguir dormir sem saber o que lhes espera, qual o seu futuro de um tão
próximo amanhã, passar do estável para a miséria. Cada segundo que passa deve
ser um martírio de incessante pensamento, sem previsão de acabar. Acredito que
todo este quadro que pinto da situação esteja ainda longe daquilo que ela realmente é e daquilo que essas pessoas devem estar a passar e sentir.
Para outros, a crise faz-se sentir a nível de preços no
mercado, aumento dos impostos e cargas fiscais. Porém, embora o rendimento
abaixe, se privem de alguns luxos e estejam receosos sobre o seu futuro, a sua
situação é ainda sustentável.
Depois, também há aqueles que pensam na crise como um mal
atual que gera polémicas, que toda a gente fala e que constitui um problema
sério para o futuro de Portugal. Porém, não o sentem diretamente, embora saibam
do perigo que existe disso se vir a refletir nas suas vidas, seja agora ou um num
futuro não muito distante.
Por fim, ainda há aqueles que indiretamente lucram com a
crise, adquirindo imóveis a preços mais acessíveis, ou de outras formas indirectas conseguem ter o seu lucro.
É importante lembrar que a crise vai além de um problema
económico, está a constituir cada vez mais um problema social que afetará a
todos. Fala-se cada vez mais em criminalidade neste país. As pessoas precisam
de viver e não têm alternativa. Chegam a um extremo tal que a lei deixa de ser
um limite, passando este agora a ser a “vida”.
Certo é que toda esta situação mexe muito emocionalmente.
Depressões, crises de ansiedade e falta de motivação podem levar a
consequências gravíssimas como loucura ou suicídio. Estes são as consequências mais debatidas na atualidade,
umas mais outras menos, mas são todas reconhecidas como um problema.
Porém, à semelhança daquilo que se passa às claras, podemos prever
o que não é tão óbvio Vejamos ao nível da educação. Cortando aqui e ali, os
estudantes têm cada vez condições mais precárias e menos ajudas para continuar
os estudos. Toda a situação cria em nós, estudante da chamada “geração à rasca”,
uma falta de motivação tal que só nós conseguimos explicar. Assim sendo,cria-se também falta de interesse e abandono escolar, diminuindo o numero de
pessoas qualificadas no país, quem sabe muitos deles cheios de talento e boa vontade.
Ao nível da segurança, assim como tem acontecido com o
resto, terão de haver cortes, minimizando a eficácia do sistema e a confiança
que temos nele. A insegurança sentida é uma agravante aliada a toda a situação
que se vive. À desgraça e desconsolo, junta-se agora o medo e o
constrangimento.
Pensemos agora a nivel da saúde. a falta do financiamento de um componente pode custar-nos a vida! Mesmo não
sendo revelado, mas tendo observado que os cortes tocam a todos, corremos o risco que
isso aconteça. Imaginemos o que é estar doente e dependente da contribuição
do estado para financiar a cura, e esta não se realiza corretamente por falta de "dinheiro" ,não para o tratamento, mas para a garantir a sua eficácia!
Porque Portugal é sempre o país da Europa com a maioria das taxas mais
elevadas em “coisas más”? Boa pergunta.
Todos devemos ser patriotas porque gostamos do nosso país e
é com ele que nos identificamos como pessoas e cidadãos. A língua, a escrita, a
cultura são tudo raízes que nos formam e formatam para ser quem somos, e tudo
isto devemos ao país de Camões que nos deu a oportunidade de crescer assim.
Porém, para que possamos continuar a sê-lo, necessitamos de condições mínimas de
vida, e sobretudo, saber que podemos contar com elas. É verdade sim que existem
países que vivem em condições e sob regimes mais precários que os nossos até
agora, mas a imagem e confiança que temos no nosso país, baseando-nos naquilo
que ele sempre foi e assim se deu a conhecer, está a morrer e já não sabemos o
que nos espera se sairmos de casa ou se formos parar numa maca do hospital.
Talvez emigrar vá mais além que um recurso económico, quem
sabe é a garantia de uma condição de vida que nos permita viver mais anos,
sabendo que a lei, o ensino e a saúde funcionam melhor.
É triste dizer que não confiamos mais naquilo que o sistema português (o NOSSO sistema) nos oferece...
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